Desrespeito, misoginia, falta de qualquer senso crítico. Essa fala sem noção foi de um prefeito que, depois da incorporação PROS-Solidariedade, se manteve por pouco tempo em nosso quadro partidário.
O fato é grave. A direção Estadual tomou todas as medidas para a expulsão de Mário Esteves, prefeito da cidade de Barra do Piraí, cidade na qual tem ótimos agentes políticos em nossa agremiação e que também se indignaram com o discurso.
Infelizmente não é um ato isolado. Ainda enfrentamos, diariamente, o desafio de sermos respeitadas. Seja dentro de um ambiente político ou de trabalho.
Apesar de toda evolução humana e tecnológica, vivemos em uma sociedade machista. Claramente manifestada em diversos contextos como a desigualdade de direitos entre homens e mulheres, altos índices de violência, assédio, estupro e feminicídio.
Aqui, dou uma parada para reforçar dois conceitos: machismo é um preconceito, demonstrado por ações, atitudes e opiniões de repressão aos direitos igualitários entre homens e mulheres. O feminismo não é o oposto. Não é uma corrente que prega a supremacia da mulher em relação ao homem. Isso é um outro movimento: feminismo.
Feminismo é um movimento de luta pela igualdade entre mulheres e homens em todos os setores da sociedade, ou seja, é a luta pela igualdade de gênero.
O pensamento machista é cultural e se mantém por vivermos ainda numa sociedade patriarcal, apesar de, segundo estudos recentes realizados pelo IBGE, mais de 48% dos lares brasileiros terem mulheres como responsáveis pelo sustento da casa e dos filhos.
Mesmo em lares onde homens contribuem para o sustento a divisão de tarefas é desigual, dificultando com que as mulheres possam ter a oportunidade de se desenvolverem no ambiente profissional.
Empoderamento feminino
O empoderamento da mulher é um movimento ideológico que luta pela equidade em todos os campos sociais, econômicos, sexuais e também políticos. Importante dizer que deveria ser um movimento apoiado não só por mulheres, já que não é um movimento sexista. Os homens deveriam aderir.
Na política brasileira um dos grandes marcos desse movimento foi a conquista dos votos nas eleições de 1932, durante o governo do presidente Getúlio Vargas.
Sororidade
Compreender a dor da outra, como a sociedade a enxerga, ter empatia não só fortalece quem precisa de ajuda, mas ajuda a mudar a realidade no entorno.
Uma mulher que sofre calada e sozinha algum tipo de violência tem muito mais dificuldade para poder se libertar ou ter coragem de denunciar.
Apesar de lutarmos por equidade, somente uma mulher consegue entender o medo, a insegurança, a dor da desconfiança em caso de denúncia, por exemplo, que uma outra mulher sente. É “ter o lugar de fala”.
Porém, muitas mulheres ainda são compelidas a competir com outra mulher, seja por atenção de um homem, ou estimulando a busca de um rosto ou de um corpo perfeito.
A sororidade é ter empatia. Deve ser vista como algo que veio justamente na contramão de isolar as mulheres, mas juntar forças.
Ajudar outras mulheres a crescerem, tanto profissional como socialmente é um dever de cada uma de nós. E na política não deve ser diferente.
Mas é importante sairmos da teoria e partir para a prática, encorajando outras mulheres a participarem da vida político-partidária, não só sendo candidatas, mas também, assumindo posições dentro e fora do partido.
A sororidade na política ajudará a vencermos preconceitos, discutirmos políticas públicas mais eficientes e garantirmos que estaremos mais bem representadas.
A troca de experiências, a construção de uma rede de apoio e, principalmente, ouvir o que a outra tem a dizer pode mudar uma realidade de violência e preconceito.
Com sororidade e solidariedade a gente muda o nosso entorno. A gente muda o Brasil.
Noeli Becker
Secretária do Solidariedade Mulher (RJ)